terça-feira, 25 de outubro de 2011

Por um Dragão ainda mais forte

A campanha feita pelo Atlético Clube Goianiense no Campeonato Brasileiro de 2011 é quase irreparável. Principalmente no returno da competição. Com elenco qualificado, técnico experiente e futebol competitivo, o Dragão chamou para si a atenção da mídia nacional e, mais que isso, passou a ser membro respeitado no grupo de elite do esporte mais difundido no Brasil. O torcedor rubro-negro, com toda razão, está cada vez mais orgulhoso da ascensão protagonizada pelo clube nos últimos 5 anos. E já sonha com vôos mais altos.

Não é pra menos. De relegado regional a postulante maior força do futebol no Estado, o Atlético galga degrau por degrau e demonstra, na prática, que planejamento contribui para resultado. Em nível estadual, o Dragão desponta como nova grande força. É o atual Bicampeão Goiano e, pela campanha que faz nesta temporada, larga como favorito ao Tricampeonato em 2012. Mas este é assunto para outro comentário. Vou ater-me ao momento, espaço de tempo que realmente importa, quando o assunto é futebol.

O representante goiano na elite nacional começou o Brasileirão desacreditado e entre os mais cotados ao rebaixamento. Algo compreensível, considerando-se ser este o segundo ano na primeira divisão e, principalmente, pelo fato de ter lutado até a última rodada no ano passado para não cair. Hoje, porém, a visão que se tem do Atlético é outra. E os comentários por todos os lados também. A mudança de opinião foi motivada pelo crescente na campanha e, em especial, pelo comportamento do time contra os adversários considerados "grandes".

É exatamente diante destes que o Dragão demonstra melhor sua força e segue escrevendo sua história. Aqui, vale destacar alguns feitos. Foi o rubro-negro responsável por quebrar a invencibilidade do Flamengo, transcorridas 16 rodadas do Campeonato Brasileiro. Uma histórica goleada por 4x1, na casa do adversário. Também no Rio de Janeiro, sofreu uma virada, quase inacreditável, para o Fluminense, e acabou derrotado por 3x2. No Serra Dourada, já administrando melhor o mando de campo, conquistou empate heroico contra o Palmeiras, mesmo com dois jogadores a menos em campo. E, mais recentemente, atropelou dois candidatos ao título: Botafogo por 2x0 e São Paulo com um gol a mais.

Por falar em candidatos ao título, dos 6 primeiros colocados, o Atlético só não roubou pontos de Corinthians e Fluminense, adversários para os quais perdeu dentro e fora de casa. Contra o Vasco, empate fora e derrota no Serra Dourada. Diante do Botafogo, empatou no Engenhão e venceu em Goiânia. O Tricolor Paulista, além da recente goleada já citada, amargou um empate no Morumbi. No caso do Flamengo, falta o jogo de volta. Em números, de 33 pontos disputados contra os clubes que estão embolados na ponta de cima da tabela, o Dragão arrebatou 12.

A campanha no returno fez com que o clube goianiense afastasse de vez o fantasma do rebaixamento e passasse a mirar novos objetivos. Com 42 pontos, a 12ª colocação na classificação geral, ocupada atualmente, lhe garante participação na Copa Sulamericana ano que vem. Aparentemente, algo dado quase como certo. Mas a ainda pequena, porém empolgada, torcida rubro-negra chegou a sonhar com objetivos mais ousados, como vaga na Libertadores.

Vale lembrar, também, que se o Atlético não tivesse descartado pontos importantíssimos contra os adversários que brigam na ponta de baixo da tabela para fugir do rebaixamento, talvez o torcedor pudesse acreditar até mesmo em título. Recapitulando, para comprovar isso, em 24 pontos disputados contra Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Avaí e América-MG, foram desperdiçados 13. Caso houvesse garantido os mesmos, somados à real pontuação que tem, estaria dividindo a segunda posição com o Corinthians. Mas, isso não deve ser lamentado. Ao contrário, pelo que fez neste Brasileirão, o Dragão precisa ser exaltado!

O refinado toque de bola rendeu ao time o honroso apelido de Barceloninha, aplicado, inicialmente, por ninguém menos que o global Galvão Bueno. Guardadas as devidas proporções, a comparação com o tradicional clube europeu é merecida. Particularmente, no entanto, defendo que o Atlético deve comemorar e agradecer. Mas, passada a euforia provocada por tal declaração, optar por valorizar e fortalecer sua própria marca. Trocando em miúdos: quem tem feito por onde para tudo isso não é o Barceloninha e, sim, o Atlético Clube Goianiense, atual representante de Goiás na primeira divisão do futebol brasileiro.

Diante do exposto, cabe cumprimentar jogadores, comissão técnica e dirigentes, além da modesta torcida, que da reais sinais de crescimento (consequência natural dos resultados apresentados pela agremiação). O Atlético tem representado muito bem o futebol goiano. Com adequado planejamento e encarando o esporte de maneira profissional, poderá fazer ainda mais. Por merecimento, o clube ocupa hoje lugar de destaque entre os 20 melhores do Brasil. Também fazendo por merecer, as conquistas, seja a curto, médio ou longo prazo, virão!

domingo, 16 de outubro de 2011

Goiás segue, fazendo contas!

Após ser derrotado por 3x2, de virada, pelo Vitória no Barradão, o Goiás segue fazendo contas para escapar do rebaixamento à Série C. O Verde parece viver a maior crise de sua história. Dentro e fora do campo! Nesta análise, vou ater-me ao limite das quatro linhas.

Desde o início desta Série B, as fragilidades do atual elenco esmeraldino foram claramente expostas. Um time tecnicamente limitado, inicialmente classificado como imaturo, e que "queimou" alguns treinadores. Sem falar na insatisfação da torcida, por diversas vezes manifestada.

O Goiás começou muito mal no Campeonato Brasileiro e demorou a esboçar uma reação. Isso aconteceu após a saída de Artur Neto e a chegada de Márcio Goiano ao comando técnico. Iarley, Marcinho Guerreiro e Alan Bahia foram os "grandes" reforços. 5 vitórias consecutivas e a proximidade ao G-4. Era bom demais pra ser verdade!

O sonho de retorno à elite do futebol nacional durou pouco. Nova queda de rendimento e um novo treinador: Ademir Fonseca. Também em passagem rápida, cedeu lugar ao atual comandante, Enderson Moreira. Com currículo pouco expressivo, chegou sob questionamentos. Mas já ganhou relativa confiança.

Após amargar 8 rodadas sem vitórias (2 empates e 6 derrotas), o Verdão despencou vertiginosamente e encostou na zona da degola. Muito próximo de seu maior rival, o Vila Nova. E tendo vários concorrentes diretos na fuga do rebaixamento. Pronto, surgia uma nova disputa!

Nos últimos jogos, porém, um incentivo financeiro fez com que o atual elenco, ainda que tecnicamente limitado, corresse mais em campo. As vitórias consecutivas no Serra Dourada, contra Ponte Preta e Criciúma, foram um alento aos torcedores. Ainda assim, os confrontos seguintes sugeriam novas dificuldades.

A derrota para o Vitória, no último sábado, era algo, até certo ponto, esperado. O adversário, sem dúvida, detinha o favoritismo. O que ninguém esperava contar era com uma arbitragem tão contestável! O Goiás, que começou vencendo, ficou no quase empate. O que já seria lucro!

Agora, o esmeraldino goiano tem pela frente novas "pedreiras". Recebe o Americana, que disputa muito bem o acesso, depois, viaja pra enfrentar o Sport, que ainda acredita no mesmo objetivo. Nesses dois jogos, os adversários são favoritos. Cabe ao Goiás se superar!

Analisando o restante da tabela, é possível acreditar que o Verdão escape de um novo descenso. Jogando em Goiânia, tem por obrigação confirmar seu favoritismo diante do disparado pior clube da Série B, o Duque de Caxias. Em seguida, vem o clássico goiano e o duelo particular com o rival colorado. Em tese, partida sem favorito, mas que tende a ser determinante!

Vamos aos quatro jogos restantes, começando pelo concorrente direto São Caetano. Vantagem de embate no Serra Dourada. Viagem a Bragança Paulista para encarar o, provavelmente sem pretensões, Bragantino. Em seguida, recebe outro concorrente direto, o Icasa. Ao menos o jogo não é no Ceará, dada a incapacidade que o Goiás apresenta de vencer no Nordeste.

O Verdão fecha sua participação nesta Série B fora de casa, contra o Guarani. No momento, o Bugre também é concorrente direto para fugir do rebaixamento. Com sorte, até lá, poderá estar numa zona de conforto que o garanta na Segundona, o que facilitaria para o clube goiano.

Numa projeção realista, o Goiás tem plenas condições de somar, pelo menos, 10 pontos nesta reta final do Brasileiro. Chegaria a 46 o que, matematicamente, acredita-se, seria suficiente para assegurar sua permanência na Série B para a temporada de 2012. Não basta, no entanto, fazer contas e projeções. O time precisa apresentar resultados dentro de campo!

O iminente rebaixamento do Vila Nova deve servir como motivação, pela rivalidade, nesta reta final. Tomara que seja assim e que ao menos um dos dois consiga escapar. Do contrário, seria uma verdadeira tragédia para o futebol goiano no cenário nacional. Boa sorte a ambos!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Crônica de Uma Morte Anunciada

Para entitular este post tomei emprestado o título de uma das principais obras do escritor colombiano Gabriel García Márquez. O livro faz uma reconstrução jornalística do assassinato do personagem central, Santiago Nasar, acusado de desonrar Ângela Vicário. Seu trágico fim, assassinado pelos irmãos da moça, é anunciado já na primeira linha do romance. E, embora todos saibam, nada pode evitar.

Essa breve introdução literária é para justificar a associação feita com o texto a seguir. O futebol goiano vive um momento de inconstância. Os dois maiores clubes do Estado, Goiás e Vila Nova, competem na Série B do Campeonato Brasileiro e lutam para fugir do rebaixamento. O Tigre colorado, aparentemente, está em pior situação. E foi ele quem me fez lembrar a trágica história de Santiago Nasar.

Muito embora o Vila tenha iniciado o torneio cercado de expectativas positivas, graças a um elenco que, em tese, se mostrava qualificado, na prática o enredo foi diferente. Aqui entra outro personagem: a torcida, que pode ser colocada em lugar da "desonrada" Ângela Vicário. Uma massa que hoje sofre com o iminente rebaixamento do clube à Série C. Esta é quase uma remontagem da temporada de 2006.

Faltando 10 jogos para o término da competição, o Tigrão somou apenas 29 pontos e está a 16 do mínimo que se projeta para escapar do descenso. O adversário da rodada é o São Caetano, no Anacleto Campanella. Concorrente direto, caso o Azulão vença o confronto (resultado mais natural), abre 7 pontos de vantagem em relação ao goiano. Dificilmente o Vila reagiria ao baque.

Vamos aos números. Restam 10 jogos - 5 em casa e 5 fora. Que me perdoem os vilanovenses, mas sejamos realistas. Nos domínios adversários, o Vila encara São Caetano, Náutico, Salgueiro, Duque de Caxias e Americana. Pelo momento, chances de vencer mesmo apenas contra Salgueiro e Duque, que estão em pior situação, virtualmente rebaixados. Os outros três é natural que perca.

No Serra Dourada, o clube recebe Paraná. Grêmio Barueri, o rival Goiás, Portuguesa e fecha com o Sport. Consideremos um equilíbrio no clássico, com consequente empate. Numa visão otimista, caso a Lusa já tenha se confirmado Campeã da Série B, um empate ou até mesmo uma vitória pode acontecer. Prevejo uma possível derrota no fechamento do torneio, contra o Leão de Recife. No mais, com muito esforço nas contas e havendo superação do time, soma-se 3 ou 4 pontinhos.

A realidade é cruel mas, dentro da normalidade, está difícil fazer o colorado goianiense somar 13 ou 14 pontos, quando ele precisa mais que isso. Voltando ao romance de Gabriel García Márquez, o comportamento de Santiago Nasar na narrativa não denota se ele está ciente de sua sina. Espero, porém, que o Vila Nova tenha consciência de suas necessidades e faça por onde para reescrever um novo fim para esta história!

Em tempo, recomendo a leitura de Crônica de Uma Morte Anunciada.