quinta-feira, 10 de novembro de 2011

2012 e o A B C do futebol goiano

Não. Este não é um texto didático. Muito menos faz alusão ao clube de futebol do Rio Grande do Norte, que carrega em seu nome tais iniciais. Trata-se de uma simples constatação sobre o que o destino reserva aos três principais times goianos ao fim desta temporada.

Comecemos pelo inverso das letras iniciais do alfabeto, utilizadas para classificar as divisões no futebol. Série C. É pra lá que o Vila Nova carimbou o passaporte, faltando 3 jogos para o término do Campeonato Brasileiro, após empatar em 1x1 com o Duque de Caxias, pior equipe da temporada.

O colorado goianiense teve um ano marcado pela sucessão de erros, a começar por sua administração, que perdeu definitivamente o rumo. A tão propagada parceria com a New Ville, inicialmente tida como promissora, resultou em mais um fracasso. E o que dizer do elenco? Este foi, no mínimo, enganador!

Sim. Esta é a verdade. Jogadores que, a princípio, foram bastante elogiados por suas qualidades técnicas. Era quase unânime a opinião de que, com aquele grupo, o Tigrão teria condições até mesmo de brigar pelo tão sonhado acesso à elite do futebol nacional. Com as peças que chegaram depois, então, a expectativa aumentou.

Mas, na prática, o produto final foi adverso. O time não se encontrou, não deu “liga”. Os resultados não aconteceram. Não vamos detalhar todos os treinadores que passaram pelo clube. Basta lembrar que foram 8, ao longo de 2011. Este dado é suficiente para provar que, definitivamente, o problema não foi comando técnico.

E os atletas, desaprenderam de jogar futebol? Como explicar a baixa produtividade em todos os setores do campo, com destaque para a falta de precisão nas finalizações? E olha que, em quantidade, não foi por carência de atacantes. Mas não dava para esperar outro fim de uma equipe em que jogadores chegaram ao extremo de fazer “vale” com o treinador. Lembra-se da Crônica de Uma Morte Anunciada? O Vila caiu! Isso é péssimo para o futebol goiano. E quem mais sofre é o torcedor.

Enquanto assiste o maior rival amargar o descenso, o Goiás Esporte Clube vive momento de euforia na reta final desta Série B. Também foram vários os treinadores que tentaram administrar o grupo esmeraldino, tecnicamente limitado, para não dizer fraco. E foi com uma aposta que os melhores resultados aconteceram. Sob o comando de Enderson Moreira, o Verdão tem aproveitamento maior que o da já campeã Portuguesa, proporcionalmente falando.

Na última rodada, ao bater o São Caetano no estádio Serra Dourada por 1x0, o Goiás chegou à marca de 5 vitórias consecutivas e, em 8º lugar na classificação geral, está a apenas 4 pontos do 4º colocado, o Bragantino. É este o próximo adversário. Confronto mais que direto para as pretensões dos torcedores esmeraldinos, que passaram a acreditar no retorno à elite do futebol brasileiro.

O acesso é matematicamente possível. Porém, pouco provável. Por mais que o Verde mantenha o embalo dos últimos jogos e vença as partidas restantes, ele já não depende apenas de si próprio. É preciso contar com a sorte na combinação de outros resultados que envolvem, atualmente, ao menos os 4 times que estão imediatamente à frente. Aqui, descarto 3 vagas. A primeira, por motivos óbvios, pois a Portuguesa garantiu-se antecipadamente, inclusive como campeã. Náutico e Ponte Preta, no máximo, podem inverter as posições, mas dificilmente saem do G-4. Resta uma vaga para 5 ou até mesmo 7 concorrentes, afinal, Criciúma e Boa-MG, logo atrás do Goiás, também tem chances matemáticas.

Um ponto positivo, mirando no fator sorte, é que os principais adversários do Verdão ainda fazem confrontos entre eles. Podem eliminar um ao outro. Por outro lado, ironicamente, o destino alviverde segue entrelaçado ao do rebaixado rival. Ao menos por enquanto. É que, para cumprir tabela, o Vila Nova ainda tem pela frente, pela ordem, Portuguesa, Americana e Sport. Desconsiderando a Lusa, será que há motivação (ou mesmo incentivo financeiro) capaz de despertar o futebol colorado e fazer com que a zebra apareça? Sinceramente, não creio. Em resumo: o Goiás reagiu bem! Mas, tardiamente. Sendo assim, seu destino é permanecer na Série B.

Chegando à primeira letra do alfabeto e, consequentemente, à Primeira Divisão do futebol brasileiro, cabe analisar o Atlético Clube Goianiense. Começou o Brasileirão cotado ao rebaixamento, cresceu ao longo da competição, conquistou resultados importantes, protagonizou jogos até certo ponto históricos, alcançou relativa tranqüilidade e acabou se acomodando com ela. No momento errado.

O torcedor rubro-negro passou da empolgação à preocupação. Por mais que alguns neguem, os receios existem. Pela primeira vez no ano, o Dragão acumula a péssima sequência de 3 derrotas consecutivas, para Cruzeiro, Internacional e Atlético-PR. O primeiro e o último estão na zona da degola. O Inter, por sua vez, embora dispute vaga para a Libertadores da América, poderia ter sido facilmente vencido, não fossem as oportunidades de gols desperdiçadas pelo ataque atleticano.

O próprio técnico Hélio dos Anjos reconhece que a “gordura acumulada” foi queimada e que se faz urgente reencontrar o caminho da vitória. Para alcançar 45 pontos, estimados como suficientes para garantir a permanência entre os 20 melhores clubes brasileiros, faltam 3 em 15 que serão disputados. Algo aparentemente tranqüilo, ainda mais sendo 3 jogos em casa e 2 fora.

A preocupação, no entanto, está nos confrontos. A começar pelo primeiro, contra o Bahia. Além da distância a ser mantida da zona do rebaixamento, esta partida pode decidir uma vaga na Copa Sul-Americana. O Dragão tem que fazer valer o mando de campo e não repetir o mau desempenho apresentado até agora diante das equipes consideradas “medianas”.

Depois, tem Santos na Vila Belmiro e Flamengo no Serra Dourada. O Peixe estará focado no Mundial, o que, porém, não o desqualifica. O rubro-negro carioca, no momento, voltou à disputa do título. Não deverá lembrar nem de longe o Fla que foi goleado no primeiro turno. O Grêmio, possivelmente, será um adversário sem objetivos. Para fechar o Brasileirão, recebe o América-MG – o mesmo que, na rodada passada, venceu o líder Corinthians.

Apesar da acentuada queda de rendimento, o Atlético-GO transmite segurança e me faz reafirmar que rebaixamento é algo fora de cogitação. Pena que faltou aos jogadores e ao clube acreditar e trabalhar por objetivos mais ousados. O Dragão permanece na Série A. Tomara que não adie esta “decisão” para a última rodada, repetindo o sufoco da temporada de 2010.

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